terça-feira, 25 de agosto de 2020

Inverno sobre as beiradas.

Manhã fria nascida de madrugada chuvosa. Sobre meu corpo um cobertor me aperta dizendo: fica com os gatos! Que dá vontade, dá!

Mas escolhi a baía da Guanabara, Izadora, Yara e Vik. Quase Sarito...





Nesses novos tempos em que a terra pede socorro e te coloca frente a frente com tuas escolhas, qualquer decisão importa.

Menos consumo, menos palavras, menos aglomeração, mais atitudes.











A delicia da vida é saber que podemos fazer diferente e olhar diferente. Faz tempo a natureza nos cobra.

Saindo da Marina da Glória vejo águas claras manchadas das águas negras que insistem em sair das tubulações espalhadas pelo entorno da baía. Fazemos parte disto quando escolhemos como, o que e o quanto consumir. Navego em direção à Ilha Fiscal e vejo o quanto esta cidade é linda! Não me sinto derrotada. Me sinto motivada. Sei que posso fazer diferente e acreditar que somos responsáveis por nossas escolhas.

O mundo me afeta. Sempre afetará. Mas no meio de tudo, desta imensa baía, continuo navegando pelas beiradas até que um dia descubra no centro do mundo, irradiando para todo o entorno, puro afeto!

Quem ama há de cuidar, mas antes é necessário aprender a amar!

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Em tempos de pandemia...

Período difícil para todos. Na área social, econômica, cultural, esportiva e psicológica poucas serão as pessoas que sairão ilesas desta pandemia.
São exatos 100 dias desde que desembarcamos e emborcamos nossas canoas na esperança de conter esta onda de infecções e mortes. E digo, com segurança de informação, que não fomos capazes de contê-la da forma como poderia ter sido.
Começamos a ensaiar os protocolos de segurança para retorno. Inicialmente apenas eu e Giselle e depois numa saída convidamos Angélica. Tudo para ver como se comporta este movimentar de gentes e embarcações.
Agradecemos sempre à Marina BR pelo espaço que temos e pelo empenho que a empresa também fez para nos manter seguros. Afinal, 100 dias de canoas emborcadas é bastante tempo.



Estranho pensar que desde que este distanciamento iniciou, imaginei que minhas primeiras saídas seriam em estado de graça e prazer indescritível. Não nego que estar no mar podendo fazer uma atividade física e rever as gaivotas, peixes, nuvens, montanhas e a cidade ao longe me revigoraram na esperança de tempos melhores. Mas ainda navega comigo o luto e a insegurança de não saber o final deste pesadelo.
Mas tínhamos que respirar...
Programamos nosso retorno para 06 de julho em canoas individuais e materiais individualizados, em número reduzido de remadores. Não precisaremos acessar as praias e o horário de nossas saídas será de forma a evitar qualquer fluxo de pessoas, além do que imaginamos seguro pelas orientações da área de saúde. Evitaremos em um primeiro momento utilizar transportes públicos e através de questionários monitoraremos a frequência dos remadores e as possibilidades de contágio.




Um blog que antes falava de poesia, de ativismo ambiental, de condições de mar... agora se depara com outros tipos de informações, necessárias para darmos continuidade ao trabalho de resgatar gentes e trabalhar o convívio social e integração com a natureza. Mas, temos que respirar com cuidado. Ainda com máscaras.
Esta matéria hoje pode não ser muito atraente, mas é parte do que sinto. Da necessidade física e econômica de retornar. Do dever de informar. Do desejo de cuidar.
A utilização do protocolo de segurança e a honestidade nas informações de seu comportamento diante da sociedade são pontos fundamentais para que retornemos sem agravar ou possibilitar o prolongamento deste sofrimento que a sociedade vem atravessando. As máscaras, medidas de distanciamento, higienização de material e tudo o mais que o protocolo de segurança exigir não diz respeito unicamente a você, é uma demonstração de amor ao próximo. Cuidem de vocês e de quem está ao seu lado, independente de ser um conhecido.
Tenho certeza de que será um prazer imenso retornar ao mar. Tenho certeza de que a afetividade, respeito e solidariedade estarão em alta e mesmo à distância poderemos sentir isto. Seja em gestos, seja no brilho do olhar acima das máscaras, seja no silêncio oportuno e necessário para nos fazer perceber as beiradas do Rio. Mas para isto precisamos ser conscientes de como minimizar o fato de sermos instrumentos de propagação do vírus.
Sabemos que por enquanto apenas o distanciamento social e as medidas de proteção ao sairmos de nossas casas, poderá minimizar o nível de contágio lá fora.
Mas temos que respirar...





Bem vindos!
Somos o que podemos ser juntos!

quinta-feira, 5 de março de 2020

Comandante. Uma homenagem.

Depois de dias e dias de chuva, vem o sol. Minha vó dizia que chuva em dia de gente se despedindo deste mundo é lavagem de alma. Mas o Comandante era tinhoso, tem disso não. Pediu logo sol para secar as asas e voar mais alto. Até porque já veio ao mundo de alma lavada! De madrugada ainda vi estrelas... como se fossem necessárias para ele navegar... Ah, o homem sabia ler carta náutica! Sabia mexer o compasso e régua e traçar o rumo que queria. Acredito que quem escolheu este rumo foi ele. Imagina se ia deixar barato! - Vou assim, de sopetão, antes mesmo que me estraguem a festa!
Fui remando, margeando as beiradas e agradecendo este menino que me inspirou a escrever um blog depois de ler o blog dele, Trilhas do Mar. E tem livro também! Era conhecimento demais para ficar numa cabeça só, daí espalhava tudo. E espalhava de coração!
Bóias encarnadas, cardeal sul, tábuas de marés, nuvens, de tudo sabia quase tudo!
Mas mais do que sapiência, o homem tinha coração. Tinha umas rabugices danadas. Um humor ferino quando a ocasião pedia. Não era santo não. Já discutimos de me dar tristeza. Mas já fizemos muitas declarações de amor mar afora. 
Hoje fui me despedir no mar. Despedir da matéria indo. Porque da alma não despedimos nunca. Ficam memórias. 
Não sei se existe outro plano e se existir nem sei se o homem vai ter olhos em mim e naquilo que faço pensando nele. Mas a única coisa que podemos fazer com as pessoas extraordinárias que nos deixam é contar as histórias, é perpetuar o jeito de ser. Muitas vezes fazem até estátuas! Mas não precisa de estátua, pois as beiradas me trarão o Comandante sempre que eu navegar por elas. Voa Comandante! Voa!








Assim te vi hoje. Como era o nome daquela gaivota mesmo? Aquela que encontrávamos toda vez que saíamos ao mar? 



segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

E foi dada a largada...

Dia 06 de janeiro. Não foi a primeira remada do ano, pois já nasci no ano remando. Mas o combinado era acordar às 4 e partir antes do sol nascer para quilometrar 20 quilômetros. Raios, trovões e um aguaceiro danado nos fez desligar o despertador. Seis da manhã abro os olhos e vejo o clarão do sol na minha cortina. Opa, diminuiremos a quilometragem, mas vamos lá.
E assim fomos na maré que encheria até meio dia mais ou menos. Ondulação de um metro com vento que nem balançava boné ou cabelo. Favorável para um deslize do Cara de Cão para a Marina mas também gostoso da Marina para a Praia de Fora. E este foi o trajeto. Curto e com direito a mergulho. 















Lógico que o mergulho teve que ser muito bem estudado para fugir da faixa de Gaza que se estendia do Cara de cão até o Forte Lage. Espuma amarela e negra, Nojenta! Mas foi passar dali e colar no paredão do Pão de Açúcar que o mergulho se fez claro e gelado. Um prazer imenso!
No desembarque aplausos para o Fernando e Artur que limparam a rampa do limo e ainda de quebra ganhamos duas mangas rosas da mangueira deliciosa que restou na Marina depois da reestruturação.
Sendo assim, foi dada a largada para os treinos. Trajeto curto mas priorizando a técnica e o navegar em linha reta. Remadas calmas longas e com pressão. E ao redor uma baía da Guanabara deslumbrante como sempre! Quem é do mar... não enjoa!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

E o mundo gira no tempo!

Lá se vai mais um ano no calendário. E na verdade nada muda muito. Podemos fazer milhares de promessas, pedir inúmeros perdões, perdoar inúmeras vezes e seguir. Mas podemos também apenas descansar e acordar numa nova data. O que virá? Não há como saber. O que já foi? Foi. Então que continuemos sendo. Eu, do meu lado, continuarei mar, continuarei canoa, continuarei pessoa... continuarei.